Para falar de Empatia nos remetemos ao livro O Poder da Empatia, de Roman Krznaric, filósofo e historiador da cultura, que nos brinda com relatos de variadas experiências de empatia nas mais diversas áreas de atuação. Desse seu livro, escolhemos um trecho, cujo resumo apresentamos a seguir, para ilustrar sua visão sobre Empatia. Desfrutem!!!!!
………“Empatia é a arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão para guiar as próprias ações”.
Roman Krznaric distingui empatia de compaixão ou piedade, uma vez que estas últimas não envolvem a tentativa de compreender as emoções ou o ponto de vista da outra pessoa. Ele também comenta a reflexão de George Bernard Shaw na frase “Não faça aos outros o que gostaria que eles lhe fizessem – eles podem ter gostos diferentes dos nossos.”
Ele relata a história de uma designer de produtos, Patricia Moore, considerada pioneira pelos ativistas empáticos. Em 1979 ela trabalhava numa importante empresa do setor de design, e durante uma reunião para criação de um novo modelo de geladeira, ela perguntou se a porta da geladeira poderia ser projetada de modo que uma pessoa com artrite pudesse abri-la facilmente. Recebeu como resposta que os projetos que faziam não contemplavam pessoas com esse problema. Inconformada, ela decidiu experimentar na prática as dificuldades de pessoas idosas, artríticas e/ou com outros problemas físicos, descobrindo assim como seria sua realidade. Para isso criou seu personagem – uma pessoa de 85 anos.
Ao ser entrevistada por Krznaric, ela comentou “Eu não queria ser apenas uma atriz fingindo ser uma pessoa idosa”, “queria uma verdadeira imersão da personagem…, através da qual eu pudesse realmente me por na pele de outra pessoa.”
Ela criou então sua personagem aplicando látex em seu rosto para parecer enrugada, usou óculos velados que borravam a visão, tapou os ouvidos com tampões para ter dificuldade de ouvir, prendeu talas nos braços e pernas para impedir a flexão, usava uma bengala, e entre 1979 e 1982 partiu para visitar mais de cem cidades da América do Norte usando essa ‘fantasia’.
Caminhou pelas ruas, subindo e descendo escadas íngremes, viajando em ônibus lotados, empurrando portas pesadas, atravessando as ruas, usando utensílios de cozinha, abrindo portas de geladeiras, entre outros. Suas experiências transformaram o design internacional. Ela projetou produtos que poderiam facilitar a vida das pessoas idosas e é considerada a fundadora do design “inclusivo”, isto é, o que projeta produtos para pessoas com deficiências, idosas ou não. Patricia Moore se transformou numa especialista na área de gerontologia e milita pelos direitos dos idosos. Ficou famosa pelo seu “modelo empático”, seguida por muitos designers, principalmente pela importância de tentar olhar através dos olhos das pessoas que usarão os produtos criados.
Moore comenta que “O design universal é movido pela empatia”, “uma compreensão de que o tamanho único não serve para todos – e foi em torno disso que toda a minha carreira girou”.
Segundo Krznaric, “seu experimento de viagem no tempo através de gerações é uma referência para ‘empatistas’ do futuro. O esforço para olhar através dos olhos do outro pode ser pessoalmente desafiador – e por vezes extremamente divertido –, mas tem também extraordinário potencial como uma forma para a mudança social”.
Por Rosane Schikmann – Coach e Mediadora de Conflitos
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