Às vezes, quando estou passando por algum evento desafiador na minha vida ou nos meus relacionamentos, a imagem que me vem à mente é que estou bordando um daqueles bordados de ponto cruz, onde vou ponto a ponto vendo como está ficando o desenho do lado direito, e ao mesmo tempo, me preocupo com o avesso, pois quero que fique caprichado nos dois lados. Uma arte, não é mesmo?
Tenho cuidado de viver meus desafios extraindo sentidos que me enriqueçam e me tragam sabedoria. Tenho procurado cultivar a auto empatia.
Aqui estão alguns recursos que fui aprendendo com a prática da Comunicação Não-Violenta comigo mesma, com abordagens como a mediação de conflitos e algumas práticas espiritualistas que trazem a compassividade como tema.
- Sou apoiada quando entro em contato e consigo validar as minhas necessidades e as necessidades do outro.
- Sou apoiada quando ouço a voz do meu “eu gentil”, normalizando alguns equívocos e dificuldades, meus e ou do outro e ou do sistema.
- Também, quando consigo pedir ajuda para minha rede de apoio, minha família e parceiras empáticas. O que mais preciso nessa hora, é de apoio para dar sustentação aos meus sentimentos e de minhas necessidades verdadeiras. Preciso ser ouvida, preciso da presença do outro. Não preciso de conselhos, nem de solução, nem de opinião.
- Sou apoiada ao perceber-me vulnerável e humana, com aceitação desta condição.
- Consigo apoio ao me acolher e abraçar a minha dor e ao colocar meus sentimentos no colo, integrá-los e olhar com carinho e respeito para eles.
- Às vezes, preciso de recolhimento, silêncio e pausa.
- Outras vezes, preciso expressar-me.
- Muitas das vezes, para mim é importante elaborar o luto, aceitar as perdas, entendendo que a vida é feita de ganhos e perdas; celebração e luto.
- Conectar-me com as artes me ajuda, na forma de poesia, música, cinema, literatura, artes plásticas, pois tudo isso alimenta minha alma e me põe mais aberta e criativa.
Outra coisa que para mim é importante é o que chamo de auto responsabilidade. Por isso o capricho no bordado, ele representa na minha metáfora mental, que quero cuidar do meu processo interno com acolhimento e empatia e quero cuidar também de minha interação respeitosa e cuidadosa com o que está ao meu redor.
Não estou dizendo que sempre consigo que meu bordado fique harmonioso, mas digo aqui que esta é a minha intenção e que tem relação com meus valores humanos. Busco esse caminho, pois para mim esse é o sentido do amor como atitude.
Sigo olhando para meu bordado, de um lado e de outro, direito e avesso, com cuidado, procurando cultivar a calma, fazer processo, para que o resultado me agrade e eu atenda minha necessidade de auto realização, satisfação e aprendizado e desta forma eu possa contribuir com o melhor de mim para a comunidade.
Por Lucia Nabão
Psicóloga, Mediadora de Conflitos e Facilitadora de Processos em Comunicação Não-Violenta
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