Talvez, o que mais diferencia os seres humanos de outros animais, seja nossa habilidade com a linguagem.
Sendo a linguagem uma ferramenta de comunicação do ser humano para interagir com o meio e consigo próprio através de símbolos verbais e acústicos, a sua aquisição é essencial no sentido em que o ser humano é constituído nas relações. Mas não é só isso. Ela pode apoiar ou bloquear a nossa comunicação. Podemos abrir janelas ou construir muros a partir de nossa comunicação.
A linguagem não é apenas descritiva, mas sobretudo generativa e nem um pouco inocente. Se chamo um colega de trabalho que muitas vezes deixa cair objetos da sua mesa, de desastrado, que colega estou gerando? Será que poderei contar com ele, quando precisar? Se por meio de meu interesse por saber de sua dificuldade, fico sabendo que esse colega tem um problema neurológico que afeta sua coordenação motora, talvez eu passe a perceber seu esforço no trabalho. E agora, que colega eu gerei?
Segundo o psicólogo americano Marshall Rosemberg, criador da Comunicação Não-Violenta (CNV), nossas dificuldades em estabelecermos boas trocas na comunicação e relações que nos conectam enquanto seres humanos, tanto conosco como com os outros, têm raízes em uma linguagem crítica e cheia de julgamentos que absorvemos ao longo de décadas. Ao nos expressamos a partir da crítica, a reação imediata é a defesa ou o contra-ataque, portanto, o fechamento para o diálogo e o afastamento uns dos outros.
Colocar em prática a CNV nos permite reestruturar nossa maneira de perceber, compreender e nos conectar com nós mesmos e com os outros, seja na vida pessoal ou profissional.
Por Lucia Nabão
Psicóloga, Mediadora de Conflitos e Facilitadora de Processos em Comunicação Não-Violenta
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