Lucia Maria Nabão – fevereiro de 2021
Estamos há 1 ano vivendo a pandemia do coronavírus em todo o planeta. O que esse evento tem mostrado para nós? De onde vejo, ele traz, pelo menos, duas grandes e importantes mensagens para a humanidade: de que somos interconectados e que somos seres vulneráveis.
Durante esse ano atípico, de isolamento social e incertezas, tenho vivido e acompanhado muitas pessoas passando alternadamente, como num carrossel em movimento, por diversos estados emocionais, como medo, tristeza, luto, irritabilidade, ansiedade e mais recentemente, cansaço e tédio.
Estamos com muitas das nossas necessidades humanas desatendidas, dentre elas nossa autonomia, liberdade, previsibilidade, segurança, clareza, cuidado, proteção, potencial de escolha, tranquilidade, sociabilidade, leveza e saúde.
Neste período, temos acessado muitos dos nossos recursos e assim, nos reinventamos com o trabalho, com a forma de fazer nossos cursos, com as maneiras de termos alguma conexão com nossos entes queridos e até em como fazemos compras ou nos divertimos.
Porém, me parece que muitos de nós, estamos chegando num nível de estresse físico e mental preocupante. Isso me faz pensar em quais outros recursos podemos acessar para nosso autocuidado. O e-mail que recebi esta semana do Oren Jay Sofer, facilitador de Comunicação Não-Violenta e praticante e professor de Meditação, fez todo sentido para mim, além de me nutrir.
Ele diz:
“Em tempos difíceis, existem duas habilidades essenciais para dominar: elevar o coração e honrar as dificuldades.
Elevar o coração é encontrar a bondade na vida. Essa é uma habilidade que podemos desenvolver e assume muitas formas: perceber a beleza, cultivar a alegria, aprofundar a amizade, refletir sobre a gratidão, oferecer serviço, generosidade e muito mais.
Elevar o coração é alimento para o espírito. Sem ele, ou não temos resiliência para lidar com as adversidades ou ficamos exaustos.
No entanto, se tudo o que fizermos for observar o bem, podemos nos desconectar da verdade de que a vida também inclui sofrimento.
Elevar o coração é equilibrado por honrar o que é difícil. Existem inúmeras maneiras de compreender e encontrar ternura com o sofrimento: cultivando a compaixão, relaxando com paciência, fortalecendo a resolução, desenvolvendo sabedoria e reconhecendo nossa humanidade compartilhada.”
Acredito que a conexão com nossos sentimentos com um acolhimento amoroso e gentil pelas nossas dores é um alento para nossa alma. Viver nosso luto não só na dimensão privada, mas também na pública é outro alento que podemos encontrar, afinal todos estamos – de alguma maneira – vivendo perdas. E ainda, quando experimentamos a compassividade em nossos corpos e mentes, lembrando que todos os seres humanos anseiam pelo bem-estar e por conexões humanas significativas, os nossos atos de serviço e de generosidade podem ganhar em qualidade e intensidade.
Tomara que esses recursos possam nos enriquecer ainda mais e também nos nutrir para que continuemos caminhando no terreno desafiador dos tempos de pandemia. Quem sabe não estaremos mais sábios após atravessarmos estes tempos?
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